CÍRCULO VICIOSO
Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
"Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!"
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
"pudesse eu copiar o transparente lume,
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela"
Mas a lua, fitando o sol com azedume:
"Mísera, tivesse eu àquela enorme, àquela
Claridade imortal, que toda luz resume!"
Mas o sol, inclinado a rútila capela:
"Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Porque não nasci eu um simples vaga-lume?"
sexta-feira, 3 de abril de 2009
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