FERNANDO PESSOA.
Não sei quantas alma tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nuca me vi nem acabei.
De tantO ser, só tenho alma.
Quem vê é só o que vê
Quem sente não é quem é.
Atento ao que sou e vejo.
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo,
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
assisto à minha passagem,
Diverso,. móbil e só.
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo,
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo "fui eu?"
Deus sabe porque o escreveu.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
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